sexta-feira, 9 de abril de 2010

PALAVRAS DE CAIO RAMACCIOTTI

Na noite de 30 de junho de 2002, apagou-se uma luz na Terra e surgiu uma estrela no Céu.

É correta a afirmação que faço acima? Apenas em parte. E explico por quê:
Há seis anos, a alma mais esplêndida que conheci mudou-se para a Vida Espiritual. Mas deixou suave luminosidade lilás entre nós, apesar de também transportá-la consigo para a sua morada, em que certamente habitam Lívia, Isabel de Aragão, Célia Lucius, Maria de João de Deus, e de onde veio nosso Emmanuel.
Meu Deus, como é possível permanecer entre nós a luz de alma tão cara e, ao mesmo tempo, essa luz seguir-lhe a caminhada rumo das novas paragens?

O Chico, que aprendi a chamar Alma Bendita, por inspiração de um grande amigo, foge aos nossos parâmetros de avaliação. Sua luz terna, amorosa e indelével brilha sempre onde são reverenciados seu nome e sua imagem tão simples e tão grandiosa:
— Nos hospitais, nas casas de hansenianos que visitava, nos lares incontáveis, que dele receberam mensagens ou palavras de alento e esperança, nos locais em que a dor insiste em habitar e nos corações de seus amigos que buscam de todas as maneiras aproximar-se das fímbrias de luz imarcessível que dele sempre emanaram.

Por isso, Francisco Cândido Xavier, para mim simplesmente Alma Bendita, você é onipresente.
Recordá-lo traz sempre à lembrança — dos que pessoalmente ou mesmo à distância o conheceram — uma palavra de consolo, uma frase amiga, um poema inspirado, um gesto espontâneo de afeição e amizade.
Alma Bendita, não fujo à regra. Hoje, a cada dia, percebo que nosso convívio inapagável e saudoso poderia ter sido mais intenso, pois creio que, vivenciando suas lições e exemplos, eu seria espiritualmente melhor. Mas o tempo passou...

José de Alencar conclui seu poema em prosa, Iracema, afirmando que tudo passa sobre a Terra.

Discordo de nosso grande escritor, ponderando que nem tudo passa...

Você , Alma Bendita, não passou. Sinto-lhe a presença na atmosfera que me envolve, nos momentos fugazes de alegria e nos instantes mais densos de preocupações.

E sinto de modo tão simples: você é o sândalo que perfuma nossas vidas, é a alma gentil que nos dá alento, que nos ilumina e que nos faz ver a aurora e o poente como as manifestações da natureza que tanto sensibilizaram Raul Pompéia. Você se lembra, caro amigo, de nossos papos a respeito?

Eu me lembro muito bem e, neste dia de saudade, reitero, em breves palavras, o que vasculhei no âmago da alma para lembrar-lhe a ausência física:
— Nunca pensei que a vida, com sua falta em mim, doesse tanto...

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